Saiba tudo sobre preparo para a cirurgia, indicações e seguimento após procedimento

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A cirurgia bariátrica, ou cirurgia de redução do estômago como é popularmente conhecida, é uma das opções para o tratamento da obesidade. Vale ressaltar que não é a única opção, nem a ÚLTIMA opção. Até o surgimento das novas medicações para emagrecer como se ma glu ti da e a tir ze pa ti da, a cirurgia bariátrica era o único tratamento que poderia levar a perdas significativas de peso com reduções que chegam a  20-30% ou mais. Uma das vantagens da cirurgia é que, de forma geral, é um processo definitivo de redução do volume do estômago e/ou desvio do trânsito intestinal que leva a redução de absorção de alimentos, enquanto que as medicações, ao serem suspensas, o efeito sobre a fome e saciedade não existirá mais. Vale ressaltar que, ainda que exista a modificação anatômica, isso não garante resultados definitivos, e alguns pacientes podem sim voltar a reganhar peso chegando ao peso prévio à cirurgia ou até maior.


Quais são as indicações para cirurgia bariátrica?

Para poder fazer a cirurgia bariátrica é necessário:

Ter entre 18 e 65 anos e:

Ter um IMC maior que 40kg/m2 ou IMC maior que 35kg/m2 e alguma comorbidade relacionada a obesidade como: Diabetes, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares incluindo doença arterial coronariana, infarto do miocárdio, angina, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, hipertensão, entre outras.

Em 2022 foi publicado um novo consenso para cirurgia bariátrica e metabólica em que a Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica e a Federação Internacional para Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólicas sugerem liberar o procedimento para IMC maior que 35kg/m2 independente de comorbidades além de ampliar a possibilidade para realização em crianças, adolescentes e mais idosos. Até o momento está em vigência a regulamentação anteriormente descrita.

É importante ressaltar que é necessário e recomendado mudança do estilo de vida (com dieta e exercício físico) para todos que planejam realizar a cirurgia.


Quais são as contraindicações à cirurgia bariátrica?

Contra-indicações: obesidade secundária (por isso deve haver uma avaliação prévia do endocrinologista), dependência de álcool ou drogas ilícitas atual, doença psiquiátricas graves sem controle, dificuldade de compreender riscos/benefícios resultados esperados e mudança de vida necessária pós operação


Qual a diferença entre cirurgia bariátrica e cirurgia metabólica?

A cirurgia bariátrica é indicada ao controle de peso, enquanto que a cirurgia metabólica visa o controle do diabetes que não está respondendo adequadamente ao tratamento clínico em pacientes com IMC maior que 30kg/m2.


Como é o preparo para os candidatos à cirurgia bariátrica?

É necessário avaliação de um psicólogo, um nutricionista que vai elaborar uma dieta hipocalórica pré e pós cirurgia, avaliação médica para excluir ou resolver deficiências prévias de vitaminas e avaliação do cirurgião para esclarecer sobre técnicas cirúrgicas, prós e contras.

É recomendado que antes da cirurgia o paciente perca 10% ou mais do peso o que facilita o procedimento cirúrgico, reduz tempo operatório e taxas de complicações pós-operatórias, além de melhorar comorbidades.  


Como é a dieta pós bariátrica? 

Deve ser orientada e acompanhada por um nutricionista e consiste em:

  • Dieta líquida coada : chás, isotônicos, suco de frutas, água de coco, caldos 
  • Dieta líquida completa: inclui leite desnatado, iogurte, sopas
  • Dieta semi-líquida a pastosa: purês, carnes moídas/desfiadas, queijo cottage
  • Dieta branda : legumes bem cozidos, frutas descascadas/macias
  • Dieta geral: três refeições e dois lanches, 1500ml de líquidos sendo divididos em 30 minutos antes ou após as refeições.

É extremamente importante o acompanhamento nutricional para que a quantidade de proteínas, frutas e vegetais estejam em proporções adequadas, além da avaliação correta de progressão de consistência conforme aceitação. 


Como é o acompanhamento médico pós bariátrica?

O paciente deve ter consultas no 3o, 6o, 9o mês depois da cirurgia e após esse período deve ter retornos anuais por toda a vida. A deficiência de vitaminas e minerais são muito comuns no pós-operatório, mesmo utilizando a suplementação mínima. A detecção precoce das deficiências previne consequências piores a longo prazo.


Quais são as vitaminas pós bariátricas?

A suplementação pode variar conforme o tipo de cirurgia realizada, por isso é importante saber ou ter um relatório da cirurgia.

Existem vários polivitamínicos possíveis de serem utilizados para a suplementação, que devem conter pelo menos ferro, ácido fólico, zinco, cobre, selênio e tiamina.

Cálcio (na forma de citrato de cálcio é preferencial pois é melhor absorvido) e vitamina D (colecalciferol) adicional para todos (mesmo que contenha um pouco no polivitamínico), isso para evitar perda de massa óssea (e osteoporose) que pode acontecer no processo de perda de peso e restrição alimentar.

Vitamina B12 também é fundamental nas cirurgias com redução do estômago, podendo ser por via sublingual ou intramuscular.

Esses são os suplementos básicos! Em caso de deficiências elas devem ser tratadas com protocolos adequados e dirigidos às necessidades de cada paciente.


Quais são as deficiências de vitaminas que podem acontecer? Quais são os sintomas das deficiências de vitaminas?

Deficiência de ferro: anemia carencial, cansaço, queda de cabelo, unhas fracas, indisposição.

Deficiência de vitamina B12: anemia, redução de plaquetas e sangramentos/hematomas, formigamento de mãos e pés, alteração de memória, alteração do aspecto da língua.

Deficiência de ácido fólico: malformação fetal, anemia, esquecimento, irritabilidade.

Deficiência de vitamina D: osteomalácia, osteopenia, osteoporose, redução da absorção de cálcio, fraturas ósseas.

Deficiência de vitamina K: sangramentos, hematomas.

Deficiência de vitamina A: cegueira noturna, ressecamento da pele, dificuldade de cicatrização.

Deficiência de vitamina B1: cãibras, formigamento, alteração de memória, alteração de marcha, alteração de movimentos oculares.

Deficiência de ZInco: diarreia, queda de cabelo, alteração do paladar, queda da imunidade.


Cirurgia bariátrica e gestação 

Mulheres que planejam engravidar precisam de atenção ao ácido fólico e vitamina A (trocar fórmulas com retinol por betacaroteno). É recomendado que a mulher evite a gestação nos primeiros 2 anos após a cirurgia bariátrica, período que ocorre maior perda de peso e possibilidade de deficiências, consequente risco de malformações, restrição de crescimento intrauterino e parto prematuro. Felizmente, a cirurgia bariátrica está associada a uma redução de dois terços na diabetes gestacional e redução de 75% nos distúrbios hipertensivos da gravidez em comparação com pacientes controle com obesidade que não foram submetidas à cirurgia bariátrica. Para as mulheres que não desejam engravidar e têm cirurgias disabsortivas é preferível métodos anticoncepcionais não orais (como mi re na, D I U de cobre, im pla non) pois a eficácia das pílulas pode estar comprometida após a cirurgia.


Qual a perda de peso esperada após realizar cirurgia bariátrica?

O estudo SOS acompanhou pacientes de diferentes técnicas cirúrgicas para perda de peso ao longo de 20 anos, veja os resultados abaixo:

Endocrinologia Ribeirão Preto SP

Fig1: Porcentagem de perda de peso após realização de banda gástrica ajustável (laranja), gastrectomia vertical (roxo) e bypass gástrico (verde) comparado com controle (azul). Review of the key results from the Swedish Obese Subjects (SOS) trial - a prospective controlled intervention study of bariatric surgery. J Intern Med.. 2013 Mar;273(3):219-34.


Fiz cirurgia bariátrica e voltei a ganhar peso, e agora?

O reganho de peso pós bariátrica não é algo incomum. Entre os pacientes que realizaram bypass (uma das técnicas cirúrgicas) 15% reganham peso em 5 anos e 9% voltam ao peso inicial. Isso pode acontecer por diversos motivos como por exemplo: retorno aos antigos hábitos alimentares, beliscar alimentos altamente calóricos, consumo de líquidos calóricos (refrigerantes, sucos, café e chá com açúcar, álcool), sedentarismo, consumo de balas e doces quando ocorre dumping (uma complicação possível).

O reganho de peso após cirurgia deve ser o primeiro sinal para procurar um endocrinologista (se você perdeu seguimento) ou agendar um retorno precoce. A avaliação da causa do reganho, bem como montar estratégias farmacológicas e comportamentais, faz parte da consulta com endocrinologista especialista em bariátrica. Algumas medicações podem ser indicadas para auxiliar na retomada da perda de peso.


O que é Síndrome de Dumping?

A prevalência dessa síndrome pode chegar em 50% das gastrectomias e está associada ao rápido esvaziamento gástrico e à chegada de nutrientes no intestino delgado. Pode ocorrer de duas formas:

Dumping precoce:

Com início de 10 a 30 minutos após alimentação, os sintomas mais comuns são náusea, dor abdominal, diarréia, suor frio, palpitação.

Dumping tardio:

Os sintomas aparecem de 1 a 3 horas após a refeição devido a liberação exagerada de in su li na levando a hipoglicemia, sendo os sintomas comuns fome, tremor, palpitações, suor frio. 

O tratamento consiste em fracionar melhor as refeições, evitar líquidos próximo às refeições, evitar alimentos com alto teor de carboidratos de rápida absorção e lactose. Em casos severos e refratários existem algumas poucas medicações que podem ser tentadas para melhor controle da síndrome.


Considerações finais:

A cirurgia bariátrica reduz em 30% a mortalidade por todas as causas. É uma ótima opção de tratamento para obesidade quando bem indicada. Deve-se saber que o seguimento com endocrinologista é extremamente importante tanto antes da cirurgia (para perder peso e facilitar processo cirúrgico) quanto depois (para rastreio de deficiências, complicações e manutenção do peso). Se você quer saber mais sobre o processo, esclarecer dúvidas ou se você já fez a cirurgia bariátrica e está sem seguimento ou reganhando peso Agende uma consulta agora mesmo!



Melhor endocrinologista ribeirao preto
Texto escrito por:
Dra. Luciana Oharomari
CRM-SP: 192282 / CRM-MG 93060
RQE CLÍNICA MÉDICA: 91876
RQE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA: 102761

Curriculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7066045371307292

Graduada em Medicina, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto, com Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

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